Se você acha que pensa
Mas você não pensa não
A cultura de massa é alienação
Então Adorna, Adorna o Horkheimer
Benjamin beija meu Habermans...
Use, abuse, não recuse meu Marcuse
Ai meu paradigma, ai ai ai meu paradigma
Como já dizia Adorno, a cultura de massa não é tão de massa assim, pois a Indústria Cultural transformou-a em mera mercadoria, que tem por único objetivo a venda. Em conseqüência, houve uma transformação de uma simples sociedade para uma de consumo, a qual usa cheques, cartões de crédito e empréstimos para saciar seus “desejos”.
A escola de Frankfurt foi criada na década de 30 para analisar criticamente a postura da sociedade, na qual desenvolveu um estudo sobre o que seria “indústria cultural”. Esse termo foi criado pelos teóricos Adorno e Horkheimer para um mercado de massas que é imposto ao mesmo esquema das organizações e planejamento administrativo das fabricações em serie dos produtos simbólicos, ou seja, a cultura sendo tratada por essa industria da mesma forma que a fabricação de um automóvel. Era a mecanização da cultura propriamente dita. Entretanto essa teoria está mais viva que nunca, pois é só ir aos shoppings que você se depara com uma multidão esmagadora de compradores assíduos. Tais consumidores receberam antes uma mensagem que fez essa lavagem cerebral, igual aquela de quando eu era criança: “compre batom!”. Portanto, cada vez mais indivíduos sendo robotizados a seguir a única regra que é de comprar, consumir, mesmo sem ter muita utilidade específica da bugiganga adquirida.
A televisão, em especial a rede globo, manipula de tal maneira que em determinados horários, parece existir um relógio em nossas cabeças, tendo como referencia as novelas, programas exibidos, os quais lembraram logo “a novela de fulano de tal”. Será que recebemos um chip, ao nascer, que nos coordena a consumir tudo o que foi estabelecido pela mídia? Consoante Willian Boner, somos como os Simpsons (seriado animado que é exibido na emissora que o mesmo trabalha), ou seja, acéfalos manipulados facilmente. Bom, se até uma referencia em jornalismo diz isso, é porque devemos ser, ou não; porém nem diploma em jornalismo ele tem. Mas já havia me esquecido, o diploma nem é exigido mais para exercer a função correspondente. Entretanto, deixemos essas questões burocráticas para outra oportunidade.
Há alguns dias lembrei-me do filme “Ensaio sobre a cegueira” de Fernando Meirelles, fugindo um pouco do tema do filme, até que cairia bem se ao invés de sociedade fossemos chamados de os “cegos, surdos, mudos”, porque tapamos nossos olhos, ouvidos e boca para o senso crítico deixando tudo a nossa volta ser imposto pela Indústria Cultural, a qual não age sozinha nessa gang de alienadores. A explicação esta no fato de ocorrer um ciclo, na qual a população patrocina a indústria comum ao comprar seus produtos que por sua vez patrocina a cultural que cria o discurso U.S. consumption
Entrementes, antes nas décadas de 50, 60, 70, 80, as musicas continham letras com teor de revolta, de manifestação da crítica ao governo vigente, deixando claro que o monstro, o qual na atualidade nos remete a simples acríticos, tinha pouco poder, talvez por estar no inicio da sua formação. Hoje a musica de Chico Buarque cairia muito bem como a letra de “Cálice” (no sentido de taça de vidro ou do verbo flexionado com a partícula ‘se’).
Consoante Gilberto Dimenstein em “cidadão de papel” as pessoas somente existem por causa da carteira de identidade, pois elas inexistem pela posição crítica de algo, as quais não produzem conhecimento e sim reproduzem. Então fica fácil para sermos “usados” pela indústria cultural. Outro aspecto dessa não identidade é a perda da singularidade que cada um possui ao tentarmos ter aquele ou esse acessório, pela simples explicação de que todo mundo tem. Sem esquecer ainda dos partidos políticos, que abusam dessa não identidade crítica ao usar a política de pão e circo com discursos calorosos incitando a população. As campanhas partidárias passam em média cinco vezes por intervalo comercial, ou seja, é a típica e descarada lavagem cerebral, que piora no período de eleições. Os carros de propaganda desfilam pela cidade tocando as musiquetas infernais para ter certeza de que o eleitor não esquecerá o candidato. E ainda as propostas usando do poder persuasivo, atraem eleitores com a promessa de que tudo vai melhorar.
A Indústria Cultural está inserida por completa em todos os aspectos em nossa sociedade, seja na área política, econômica, cultural, não tem a porta de saída em caso de emergência como nos cinemas. Estamos presos sem a chave da saída. Portanto, será que nossa sociedade de mercadoria ou sociedade máquina terá salvação? Pode ser que sim, entretanto, terá de surgir um super herói para nos tirar desse filme que contem cenas de terror a comédia que protagonizamos no cotidiano.